Convidados da tertúlia promovida por Nelson Wendenkin e a diretoria da Aplub, conversávamos ontem sobre a crise política que levou Getúlio Vargas ao suicídio, em 1954. Éramos três antigos jornalistas com passagem na Última Hora de Samuel Wainer: Carlos Bastos, hoje no Jornal do Comércio de Porto Alegre, Wilson Muller que depois fez carreira como delegado de Polícia, e este comentarista da Rádio Gaúcha.
Analisada a crise de 1954, despida das paixões que a exacerbaram há 52 anos, o estopim que a desencadeou foi o reles financiamento de um jornal para Samuel Wainer defender Vargas, tanto do engajamento de Carlos Lacerda em sua Tribuna da Imprensa como das extorsões de Assis Chateaubriand em seus Diários e Emissoras Associados.
Por que reles, se era dinheiro público e volumoso, como agora, o do mensalão e o do sanguessugas? Primeiro, porque não ia para o bolso de quem quer que seja. Segundo, porque a dívida contraída por Samuel Wainer no Banco do Brasil era significativamente menor do que a dos próprios acusadores, Lacerda e Chateaubriand. E, por último, pelo proveito: Última Hora foi um marco decisivo na modernização da imprensa brasileira.
Quando a crise engolfou a guarda pessoal da Presidência da República, chefiada pelo tosco Gregório Fortunato, Getúlio, mesmo inocente, suicidou-se de vergonha pelo mar de lama sob os seus pés, nos subterrâneos do Catete.
Que tempo aqueles em que um homem caluniado, matava-se de vergonha. E que tempos, esses de hoje, em que mensaleiros e sanguessugas riem sem nenhuma vergonha da perplexidade da Nação.
quinta-feira, 24 de agosto de 2006
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