Ralph J. Hofmann, colaborador deste blog, manda mais uma contribuição interessante. Refere-se ao projeto que anda pelo congresso, objeto até de café-da-manhã da cartolagem futebolística, instituindo mais uma loteria, cujos lucros reverteriam aos clubes para pagar aquele mais de bilhão e meio sonegados à Previdência Social.
Hofmann faz uma pergunta muito oportuna: mas nos anos sessenta, já não houve a Loteria Esportiva para financiar os clubes de futebol? E não se repetiu a dose com a Lei Pelé, que liberou a jogatina dos bingos?
Há duas respostas possíveis para estas indagações: ou os anões do orçamento, os mensaleiros e os sanguessugas foram muito além dos dinheiros públicos ou a eles se juntou a cartolagem futebolística. Dinheiro houve. Aonde foi parar?
Há um problema de desigualdade de tratamento. Quando se trata de um empresário que gera empregos e movimenta a economia, qualquer transgressão, por pequena que seja, recebe nome engenhoso – operação isso, operação aquilo – e vai parar com estardalhaço na tevê, no rádio e nos jornais. Quando se trata da cartolagem futebolística, sequer a investigação é feita. Pelo contrário, inventam-se mais cornucópias para que o dinheiro ainda caia com maior abundância neste verdadeiro saco sem fundo.
A propósito, torcedores de dois clubes de futebol de Porto Alegre foram flagrados em crimes de perturbação da ordem pública. Enquanto uns somaram desacato à autoridade, agressão e tentativa de assassinato, outros portavam uma grande quantidade de explosivos, que não se compra com meia dúzia de vinténs no camelô da esquina.
Além de não se procurar identificar que financiou a compra do foguetório, não tem ninguém cadeia. Foram todos soltos para responder em liberdade, e em liberdade comemorarem a proverbial impunidade que reina no país.
quinta-feira, 3 de agosto de 2006
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