A presente campanha vai decidir se é procedente a novidade introduzida nas eleições passadas, quando candidatos obtiveram sucesso, substituindo a costumeira troca de insultos por mensagens cordiais, algumas cheirando bom-mocismo e até se assemelhando a mantras de auto-ajuda.
Novidade mesmo, não é. Quem inaugurou o estilo, ainda nos anos 20 do século passado, foi Getúlio Vargas, quando conseguiu até pacificar o Rio Grande do Sul, mal saído de uma revolução sangrenta. Elegeu-se presidente do Estado e, sempre na mesma afinação, iniciou a trajetória de 15 anos de poder absoluto na presidência da Nação, prolongada após, democraticamente, com mais um mandato obtido na urna. Permaneceria ainda mais tempo na cena política, tanto quanto lhe permitisse a saúde fisica e mental, não tivessem seus próprios correligionários aceitado voltar à troca de insultos, tentada até então, inutilmente, pelos adversários.
O que se viu pelos anos afora, depois disso, transitando por tentativas de golpe, contragolpes, ditaduras e redemocratizações foi o prosseguimento desta encarniçada batalha verbal que tonteia o eleitor e não parece lhe deixar alternativa a não ser a votar nos mais desaforados ou, então, não votar em ninguém.
A presente campanha vai mostrar se a cordialidade, trazida como nova para o debate político, propicia dividendos de fato aos seus proponentes. Caso contrário, para as próximas eleições, haverá necessidade de se criarem novos palavrões. Os que já temos, apesar de incontáveis por numerosos, o máximo que lhes aconteceu foi mudarem de boca. Já cansaram o eleitor, disposto até mesmo a abster-se de votar.
sexta-feira, 18 de agosto de 2006
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