quarta-feira, 9 de agosto de 2006

Um animal perplexo- Jayme Copstein

Se o homem é um animal político como disse Aristóteles, o brasileiro com toda a certeza é um animal perplexo. Ilha cercada de corrupção por todos os lados, tem diante de si aquela interrogação que pais fazem, ao descobrir filhos transviados: onde foi que erramos?
A visão é desoladora. Em uma instância superior do Judiciário, Estado de Rondônia, o chefe da quadrilha é nada menos que o presidente do Tribunal de Justiça. Não se vai falar do seu parceiro no Legislativo, presidente da Assembléia Legislativa do Estado, porque é mero aprendiz de feiticeiro, diante da roubalheira desenfreada de seus colegas sanguessugas e mensaleiros do Congresso Nacional. Claro, tudo sob a santa e universal ignorância do Executivo, apesar da tramóia ser arquitetada nas ante-salas da presidência ou ter a participação de ministros de Estados.
É evidente, esta visão desoladora não pode ser generalizada, mas não se trata só dos “grandes” lá de cima. No presídio de Avaré, Estado de São Paulo, um mero inspetor de disciplina vende aos bandidos o comando do terrorismo urbano. Em Curitiba, um simples policial militar espanta gatunos, para poder, ele próprio furtar tranqüilamente, o som de um carro arrombado.
Terá tudo isso começado agora, será sinal dos tempos? Nas suas efemérides brasileiras, o Barão do Rio Branco conta que no fim do século 17, em plena monarquia absolutista, o recém implantado serviço postal brasileiro foi desativado porque o concessionário fugiu com os valores confiados pelos usuários.
Fica a este animal perplexo chamado brasileiro, a pergunta dos pais: onde foi que erramos? A resposta é contundente: nós nunca acertamos.

Comentários:

José Carlos da Fonseca (São Francisco de Paula, RS)
: Os policias que furtaram o cd player são de Curitiba, Paraná, não do Rio de Janeiro, como pode ser visto em
http://jg.globo.com/JGlobo/0,19125,VTJ0-2742-20060807-181226,00.html.
Blog: O Fonseca tem toda a razão. Já está corrigido.

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