quarta-feira, 5 de agosto de 2009

A culpa da imprensa - Jayme Copstein

A culpa da imprensa

José Sarney, que tem acusado os jornais de inventarem os escândalos dos quais é protagonista no Senado, escreveu ontem ao Folha de São Paulo (02 de julho de 2009) para esclarecer 11 "originalidades" listadas no quadro "Sarney na mira" (edição de anteontem), envolvendo a vasta coorte de familiares e amigos em negócios públicos de há muito sabidos, mas só agora publicados. Das travessuras do mano Ivan às traquinagens do netinho Zé Adriano, para todas Zé Sarney tem álibi, como teve também, há muitos anos, na Academia Brasileira de Letras, quando torpedeou pelas costas a candidatura de Mário Quintana. Não pediu que não votassem no poeta, apenas distribuiu aos acadêmicos, na hora da votação, reprodução de uma piada inocente do poeta sobre QI (quem indica), sem tempo para alguém esclarecesse do que se tratava.

Santo homem!... Onze milagres e os incréus não reconhecem tantas beatitudes, todas dentro da mais estrita devoção bíblica: Mateus, primeiro os meus! De fato, a culpa é dos jornais que lhe trocaram o nome de São Ney para Sar...ney. Talvez para sugerir maldosamente aquela comichão infernal da qual a gente custa a se livrar.

Raul Quevedo

De cada vez que me cabe registrar a partida de um antigo companheiro me vem à mente a derrubada de uma árvore na floresta, como se fosse cena de cinema mudo: vazio e silêncio. O jornalista Raul Quevedo, veterano da imprensa gaúcha, deixou o mundo no domingo à noite. Fico me perguntando quantos saberão, fora do circulo de amigos e colegas da Associação Riograndense de Imprensa e do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul, de suas contribuições efetivas e participação permanente na luta pelo aprimoramento moral e intelectual da profissão. A iniciativa bem sucedida para mudar o Dia da Imprensa, de 10 de setembro, início da imprensa áulica, para 1º de junho, início da circulação do primeiro jornal efetivamente brasileiro, basta para dar idéia da coragem e da perseverança com que defendia idéias e também ideais. Como nem todas as batalhas são vencidas – a exigência de formação universitária específica para jornalistas foi um de seus revezes – o que sempre fica são as sementes que as árvores abatidas deixam na floresta para que outras árvores ocupem seu lugar. No caso dos seres humanos, são exemplos. É o legado de Raul Quevedo.

Os MJ do Brasil

Maurício Cardoso, editor da revista eletrônica Consultor Jurídico é autor de um "achado" interessante, publicado na edição de segunda-feira: a quantidade de bebês que receberam nome em homenagem ao cantor, quando ele esteve no Brasil. Até para o satisfazer os pruridos nacionalistas do deputado Aldo Rebelo, o nome Maicon, que portam vários jogadores de futebol resultou do abrasileiramento de Michael que parece ter um "n" no fim quando pronunciado com o sobrenome Jackson. Tanto é assim que Cardoso encontrou no Google dúzias de "Maicon Jequisson", afora os milhares de Michael Jackson puros acrescentados de um Silva, Cardoso, Santos e outros sobrenomes nativos. Vale a pena ler a matéria de Maurício Cardoso, em http://www.conjur.com.br/2009-jun-26/processos-michael-jackson-homonimos-brasil

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