O ministro do Desenvolvimento Agrário quer "atualizar" os índices de produtividade do agronegócio para tirar a terra de quem produz É isso mesmo. Quer "atualizar" como se fosse taxa de câmbio, o que denota ignorância. Pior ainda, por obsessão ideológica, como se fazia com a História na extinta União Soviética, quando se "atualizava" a biografia de personagens, cuja importância crescera mais que o permitido.
Se o ministro tivesse falado em "corrigir" índices de produtividade poderia ser levado a sério. A produtividade do agronegócio varia para cima ou para baixo – algumas vezes tem de ser programada – segundo um conjunto de fatores, variando de condições da meteorologia à demanda do mercado, supervalorizando ou derrubando a cotação dos produtos. Ao se casar a ignorância com a obsessão ideológica, não se olha para o passado, quando o agronegócio brasileiro não era o prodígio de hoje, contribuindo com mais de 45% do PIB, mas uma caravana de oligarcas tão vorazes pelo dinheiro público quanto os demagogos de hoje, sequiosos de dividendos eleitorais e as benesses que propiciam.
As consequências de tais desvarios todos conhecemos de sobra. No Brasil, sobra memória das sucessivas crises do café, do algodão e da cana de açúcar – isso para se falar apenas em três produtos da linha de frente – que endividavam o lavrador e arruinavam a economia. Foi necessário um esforço gigantesco, atualizando – aqui cabe dizer – o ensino da agronomia e a pesquisa científica, estimulando a modernização tecnológica e introduzindo uma visão da economia de mercado.
O incrível é que o ministro do Desenvolvimento Agrária queira devolver a Nação à ignorância dos antigos oligarcas, misturada às suas obsessões ideológicas. São parcelas cuja soma é sempre fatídica.