domingo, 16 de agosto de 2009

O orgulho de Collor – Jayme Copstein

Ninguém rouba de Fernando Collor de Mello o título de primeiro – até agora, o único -- presidente da República cassado por indignidade na História do Brasil. Ele gabou-se, às vésperas de ser afugentado do Palácio do Planalto, que ao nascer o pai, Arnon de Mello, lhe traçou a vocação para a violência, referindo-se a suposta cor roxa de certa parte da sua anatomia.
Arnon de Mello era homem violento, no que não se diferenciava dos rivais da família Góes Monteiro, com a qual disputava a hegemonia política das Alagoas. Quando se fala no tiroteio entre Arnon de Mello e Silvestre Péricles, em pleno Senado, mal e mal se menciona o nome da vítima, o suplente de senador pelo Acre, José Kairala, morto com um balaço no peito desfechado pelo revólver de Arnon.
Kairala tinha assumido o mandato por alguns dias e aquela era a última sessão de que participava como suplente. Comerciante de profissão, era pessoa simples. Fizera vir a mulher e as filhas, e com elas tirara uma foto no Plenário, antes de começar a sessão, para lembrança daqueles dias gloriosos para a família. Seu assassinato comoveu a opinião pública na época, tanto quanto o das vítimas das balas perdidas de hoje.
É disso que Fernando Collor de Mello tem orgulho, quando fala nas cores de sua anatomia. Ou quando posa com aquele olhar de vampiro que trocou o sangue pelo rapé.
Semente da depravação
Se perguntarem o que aconteceu aos dois senadores das Alagoas, Arnon de Mello e Silvestre Péricles de Góes Monteiro, a resposta é: - nada. Imunidade parlamentar, ou seja a liberdade de veemência para abordar qualquer assunto no exercício do mandato, foi transformada em impunidade para qualquer crime. Foi esta a origem da depravação que assola o Congresso brasileiro e o transforma em refúgio para toda a espécie de bandoleiros, que compram mandatos corrompendo eleitores.
O bigode do Zé
Segundo o portal Contas Abertas (http://contasabertas.uol.com.br/noticias /detalhes_noticias.asp?auto=2782), o Senado empenhou 24.700 reais para comprar oito cadeiras de barbeiro. Só por isso já se vê o tamanho do "bigode" de Zé Sarney...
Ditos e achados
"O meu receio é que se formos aplicar o Direito Penal nestes casos, um terço dos brasileiros vai parar na cadeia." Ministro Cezar Peluso, do STF, ao invocar o principio de que não se deve aplicar a lei penal quando a norma civil é suficiente.
Há controvérsias. Pusessem a meia dúzia na cadeia, todo o resto entraria na linha. Vigorando a impunidade, porém...