quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O “outro” - Jayme Copstein

Jarbas Vasconcellos e Pedro Simon não têm razão sobre a corrupção que assola o país ser apanágio do "outro" PMDB. Ou o "PMBD" simplesmente, porque já é o "outro" para o PT, calado porque dele precisa para sustentar-se no poder e garantir sua própria impunidade, ou o PMDB "lá de cima", como dizemos no Sul, para esconder nossas próprias mazelas.

Pois é o PSBD "cá de baixo", mais precisamente o de Canoas, que inutiliza o "eu e o outro" dos dois senadores. Em 2005, para beneficiar o então prefeito Marcos Ronchetti, os tucanos aprovaram na Câmara Municipal a incorporação de metade da remuneração de prefeito ou de vice-prefeito ao salário do servidor municipal que se elegesse para um desses cargos.

Ronchetti, médico da Prefeitura de Canoas, apesar do rastro de controvérsias que deixou atrás de si, ao terminar o mandato, vai abiscoitar pensão vitalícia de 8.900 reais, se a Justiça não acatar a ação direta de inconstitucionalidade levantada pelo atual prefeito Jairo Jorge. Que, aliás, há poucos dias queria em sua administração César Busatto, consumado mestre da arte de fazer política, como diz o vice-governador do Estado, Paulo Feijó.

Poupemos os adjetivos. Quando a imoralidade foi aprovada em Canoas, atentando contra a Constituição, Ronchetti não era o "outro". Agora, ele é.

Profissões originais

Eis uma profissão assaz original: organizador de camarote de cervejaria no sambódromo do Rio de Janeiro. Bebendo e aprendendo: é o encarregado de povoar aqueles recintos com celebridades convidadas a peso de ouro.

Este ano as verbas encolheram e o sambódromo só se povoou de boatos: Fulano tinha recebido tanto, veio, mas não apareceu, beltrano não recebeu o "outro tanto", não veio e, lógico, não tinha como aparecer.

Na confusão, estrelas caboclas brigando com repórteres abelhudos, criançada acordada fora de hora e boiando em um oceano publicitário de bebidas alcoólicas, o desabafo do organizador de camarote: "Se o Carnaval do Rio não for suficiente para atrair alguém, eu paro tudo e vou fazer futebol".

Faz sentido...

O guru da fronteira

O Ivo tornou-se mito na fronteira do Rio Grande do Sul, mais precisamente em Uruguaiana, pela fama do seu cabaré e também pela sua sabedoria pitoresca. Não o conheci pessoalmente, só através de racontos dos meus queridos irmãos, jornalistas Danilo Ucha e Kenny Braga, nascidos, criados e vividos nas vizinhanças, mais precisamente Santana do Livramento. Pois se diz que Ivo, diante de uma dessas profecias apocalípticas frequentes nos jornais, respondeu ao lhe perguntarem o que faria se o mundo terminasse: "Pegava as minhas 'gurias' e ia para Libres".

Para quem não sabe, Libres é do outro lado da fronteira com a Argentina, basta atravessar a rua para chegar se até lá. Tudo isso me veio à cabeça diante da advertência de uma devota de horóscopos, no sambódromo do Rio de Janeiro, já sentindo as primeiras penúrias da crise financeira, alertando a cidade e o mundo de que estamos na Era do Aquário, um momento decisivo para a humanidade. "Ou transformamos nosso 'modus vivendis', ou tudo será exterminado", profetizou.

Ou então vamos para Libres, queridinha – como diria o Ivo, se vivo ainda fosse.

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