domingo, 30 de agosto de 2009

Jim Jones e o Brasil – Jayme Copstein

Chamam atenção pessoas com inteligência acima da média se deixando levar pela "onda" de fechar o Senado, para combater a corrupção de dúzia e meia de cafajestes que elas próprias elegeram. A idéia nasce da súbita inspiração de alguém, como se fosse recado dos céus, e contamina parte da opinião pública, tornando o combate ao pecado mais virtuoso que a própria virtude que se deseja restabelecer.

O mais interessante é a perplexidade desses mesmos apóstolos da moral pública quando um Jim Jones da vida induz mais de 900 pessoas ao suicídio, como aconteceu em 1978, porque os deuses lhe disseram que era necessário fechar o mundo para restabelecer o Reino dos Céus.

Como alguém pode ser tão desatinado e ainda encontrar seguidores – é a pergunta. É o mesmo delírio por trás de soluções simplistas, como a de acabar com as instituições da democracia para combater a corrupção de poucos. Descamba-se sempre para a ditadura, o suicídio político das massas.

A propósito

O demônio agora chama-se Zé Sarney? Antes, foi Antônio Carlos Magalhães, Jader Barbalho, Renan Calheiros. Os Jim Jones da política brasileira realmente crêem que mão mais existiriam os Sarneys se de cada vez tivessem fechado o Senado?

Sarney Primeiro e Único

Já é a terceira vez que Sarney preside o Senado, ao qual voltou, após deixar a presidência da República, mediante fraude de domicílio eleitoral, com aval do Judiciário. Mesmo após ter jogado literalmente no lixo as esperanças da Nação com o estelionato do Plano Cruzado, Sarney continuou manipulando os cordéis porque Fernando Henrique aceitou seu apoio duas vezes e Lula outras duas, querendo ainda uma terceira, através de Dilma, para poder voltar em 2014.

Tudo aconteceu, as reeleições de Fernando Henrique Cardoso e Lula da Silva com votações acachapantes, sob o silêncio, ora de uns, ora de outros, conforme as conveniências políticas. Quando a Polícia Federal levantou a ponta do tapete onde se amocambam as falcatruas da Família Sarney, expondo os dinheiros "não contabilizados" de Roseana e seu marido Jorge Murad, os petistas estavam com os braços abertos para receber uma "biografia de respeito", palavras de Lula. À qual se acrescentava, palavras de Zé Sarney, a dor de um pai de coração dilacerado pelas ofensas à sua inocente pimpolha, cujos planos de fazê-la presidente da República se frustravam.

Agora, porém, quando petistas mais sensíveis, que na ocasião festejaram a habilidade de Lula para costuras políticas, adivinham que Sarney pode tirar em vez de trazer votos, ele volta ao seu verdadeiro currículo. De onde o tiraram aqueles que, exaurida a sua utilidade, para lá o querem devolver.