Em "O amante de Lady Chaterley", o escritor inglês D. H. Lawrence refere-se ao tributo voraz, cobrado pela Deusa Cadela de quem é devoto do sucesso. No Brasil, o sucesso chama-se poder. A política é a Deusa Cadela. Não conheço pessoalmente o senador Aloizio Mercadante. Do que tenho lido a seu respeito, ao longo dos anos, não o apontaria como exemplo de brilho intelectual ou líder competente. Comove-me, porém, a sua figura melancólica de guerreiro derrotado em uma batalha, humilhado pelos vencedores. Sair da liderança da bancada e curtir as amarguras no ostracismo era o caminho da dignidade. Forçá-lo a voltar ao comando no qual o desautorizaram, equivale ao estupro com que políticos iraquianos destroem moralmente seus adversários. Isso não se faz com um ser humano.