Que os dois advogados do PCC, Sérgio Weslei da Cunha e Maria Cristina Rachado não são flores que se cheirem, qualquer nariz gripado percebe a quilômetros de distância. Mas a prisão de Sérgio, ontem, na Câmara Federal, está mais para premeditado abuso de autoridade do que para desacato da dita cuja.
É claro que não estamos falando de autoridade moral. Depois da absolvição dos corruptos do mensalão e da recusa do Congresso em investigar a máfia da ambulância, seria crime impossível por falta de realidade.
Não se precisa de muito cérebro para perceber que as CPIs, com honrosas exceções, não passam de picadeiros eleitorais para acrobacias demagógicas, nas quais é difícil separar os bufões dos ingênuos ou discernir entre veemência e truculência.
Reduzindo o caso às devidas proporções, o advogado do PCC reagiu com ironia a um coice do deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), cujas noções de civilidade com toda a certeza não foram adquiridas em colégio de freiras. Tanto escândalo por tão pouco mostra que a Câmara considera o sarcasmo da resposta crime maior do que o próprio suborno praticado por Sérgio e Maria Cristina, para ter acesso a documento sigiloso.
Ainda bem que os deputados só escutaram a graçola do advogado. Se afinassem as orelhas para a voz das ruas, ouviriam o resto da missa. O seu problema seria dar voz prisão a 170 milhões de brasileiros.
sexta-feira, 26 de maio de 2006
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Jayme
ResponderExcluirO “advogado” Sérgio Wesley da Cunha está aprendendo rápido como as coisas funcionam aqui no Brasil. Viu como é rápido ser preso e algemado por desacato e mais ainda ser solto três horas depois. Assim até eu xingo deputado na câmara.
Um abraço
Marco Aurélio
Obrigado pelo comentário e pelo abraço, Marco Aurélio.
ResponderExcluirO que estás assinalando é o sensação de impunidade criado pela Lei 9.099/95, que criou os Juizados Especiais Criminais. Permite responder em liberdade,por delitos considerados leves (penas até dois anos), desde que o acusado assine compromisso de comparecer ao julgamento.
Pior é a conversão da pena em multa. Dá uma lida no "Novela da vida real", onde esse assunto também é abordado.