sexta-feira, 12 de maio de 2006

O país do eleitor - Jayme Copstein

Pela primeira vez, na persistente maré de escândalos, a reação da Câmara Federal a suspeitas levantadas contra deputados, no caso das ambulâncias, tem fundamento. Ao menos até agora, apenas 16 dos 62 parlamentares, citados pela Polícia Federal, estão comprovadamente envolvidos na negociata. Não há por que publicar a íntegra da relação, a não ser que surjam novas provas..
Os 56 deputados restantes foram incluídos na lista por serem autores de emendas ao orçamento, favorecendo bases eleitorais e até atendendo a pedidos de amigos e colegas parlamentares, sem nenhuma vinculo com suas áreas de origem.
A publicação do nome desses parlamentares é manobra para tirar de foco os verdadeiros culpados. Assemelha-se à artimanha do assaltante, flagrado na rua, que grita “Pega ladrão!” para se misturar à multidão e fugir.
O problema reside na deturpação do processo de feitura do orçamento da República, que deveria ser uma peça técnica. Não passa de ficção política, uma larga porta por onde a demagogia e sua irmão gêmea, a corrupção, passam soberanas.
A solução é parte da reforma política que dorme placidamente no Congresso. De lá não sairá até que os eleitores, em vez de asneiras, como anulação de voto, vá às ruas exigir um país mais decente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário