terça-feira, 16 de maio de 2006

Atrás da mazorca - Jayme Copstein

Quem acertou na mosca, ao analisar os acontecimentos de São Paulo, foi o jornalista Nahum Sirotsky, um dos mais bem informados correspondentes internacionais brasileiros: a organização, em termos de sincronia e logística, está a indicar a participação de veteranos no planejamento estratégico e tático das ações de guerrilha urbana, que transformaram a cidade de São Paulo em praça de guerra.
Não seriam os nossos bandidos, com celulares, que haveriam de conseguir, de dentro de presídios, montar cerca de 200 ataques com tamanha precisão. A tal perfeição só se chega com demorado planejamento e competente sistema de informações e espionagem, apoiado em moderna tecnologia de comunicações.
Pois aí está em que deu a mazorca nacional, infestada de políticos corruptos e de fraudes ideológicas, que montaram a tolerância das leis e até o desmonte das Forças Armadas, as únicas, agora sim, com capacidade para fazer frente ao desafio.
Não se chegará a lugar nenhum com a alienação do governador de São Paulo, Cláudio Lembo, atolado até o pescoço no caos, a dizer que a situação está sob controle. Só se for dos bandidos com quem ele teve de fazer acordo, ontem, para cessar o fogo. O que implica reconhecimento do PCC como parte legítima do processo político.
Menos ainda se chegará a algum lugar com a briga de beleza de Renan Calheiros e Aldo Rebello, sobre a legislação de porta de cadeia, se deve ser revogada ou, no mínimo, atenuada.
Ou com o presidente Lula da Silva, declamando restos de discursos, decorados para a campanha eleitoral de 2002, mas retendo os recursos que o Orçamento destina à segurança pública, a cargo dos governos estaduais.

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