segunda-feira, 8 de maio de 2006

No ar - Jayme Copstein

Com Aldo Rebelo, presidente da Câmara Federal, mostrando no caso das ambulâncias o zelo que lhe faltou no episódio do mensalão, a entrevista de Silvinho Pereira ao jornal O Globo é puro teatro burlesco.
O acesso histérico, o choro, as coisas quebradas na frente de repórteres, para mostrar arrependimento depois de dois dias de falação, não são nada convincentes. Encenação bem melhor era a do gaúcho Roberto Gigante, hoje afastado da mídia, que se rasgava todo diante das câmeras da RBS TV, em Porto Alegre. Só que Gigante fazia para divertir o público, não para esconder patifarias.
A análise sem alvoroços da entrevista mostra a obsessão dos petistas em demonstrar que Lula, apesar de comandar o Partido, não sabia da tramóia para arrecadar um bilhão de reais. Um dos argumentos de Silvinho é que Marcos Valério não atuou na campanha de 2002. Só foi promovido a hidrófobo-mor nas eleições de 2004.
Seria aceitável se Lula, nas declarações de Paris, não tivesse perfilhado a tese do somos, mas quem não é. Quem diz isso, não pode alegar inocência ou alienação.
O resto da entrevista de Silvinho é pura perfumaria. Mera tática para desviar a atenção do eleitor. Há algo no ar, indicando que a lama do mensalão já lambe a sola dos sapatos de Lula. Pode ser a surpresa dos próximos dias.

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