quarta-feira, 17 de maio de 2006

Mais perguntas para reflexão - Jayme Copstein

Algumas pessoas reclamaram do comentário de ontem (Perguntas e reflexões), com acusações de sectarismo e até de paranóia, pela semelhança nele identificada entre ações do MST e do PCC, planejadas e executadas com sofisticada precisão e sincronia.
Não se perderá tempo em responder antigas cantilenas, desmoralizadas pelo mensalão. Vamos nos cingir apenas a fatos notórios que as mesmas cantilenas que também dissimulavam sob a capa do bom-mocismo.
Em 2 de maio do ano passado, o jornal O Estado de São Paulo, publicou matéria do repórter Josmar Jozino, denunciando: “MST ensinou PCC a fazer protesto”. (1)
Nela, Jozino divulga conversas telefônicas, gravadas pela Polícia em 4 de abril de 2005, com presos das cadeias de Araraquara e Iaras acertando os pormenores da manifestação de protesto de parentes de detentos, que iria ocorrer dali a duas semanas, em 18 de abril. Oito mil pessoas foram trazidas de todos os pontos do Estado de São Paulo, para protestar em frente à Secretaria Estadual Administração Penitenciária na capital bandeirante.
Tal como a destruição das instalações da Aracruz no Rio Grande do Sul ou a violência deste último fim de semana em São Paulo e em Mato Grosso do Sul, não se consegue trazer oito mil pessoas, seja de onde for, e colocá-las em ordem, em evento desta natureza, sem grande planejamento e forte apoio logístico. Não será com celulares, de dentro de presídios, que se conseguirá realizar tamanha façanha.
A conversa entre dois presidiários esclarece o milagre. Um detento de Iaras explica ao colega de Araquara: “Acabei de conversar com os líderes do MST e eles vão dar e vão passar umas instrução (sic) para a gente e foi marcada uma reunião e precisa passar um salve aí pra poder sintonizar umas pessoas aí da quebrada pra poder apresentar a nossa comitiva lá".
Será que os integrantes do PCC envolveram o MST apenas por gabolice? São perguntas que induzem a mais reflexões.
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(1) Agradecimentos a Flávio Fabris, que nos enviou o texto, à jornalista Marli Gonçalves, da equipe de Carlos Brickmann e ao publicitário Jaime Gimenez Jr., ambos de São Paulo, pela ajuda em recuperar a publicação original.

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