quarta-feira, 10 de maio de 2006

No ar – 2º ato - Jayme Copstein

A encenação na CPI dos Bingos só confirma o teatro burlesco, anunciado aqui na segunda-feira, quando se repercutiu a entrevista supostamente explosiva de Silvinho Pereira ao jornal O Globo. Todo o depoimento do ex-secretário geral do PT só tinha uma direção – inocentar Luís Inácio Lula da Silva de ter o comando e até mesmo parte no mensalão. O que só faz aumentar a desconfiança., diga-se de passagem, porque não há, no momento, nenhuma acusação sólida contra ele.
Silvinho, apresentado em crise emocional, só recuperava a plenitude mental e intelectual quando a questão focalizava Lula. Conseguia lembrar até pormenores de fatos remotos, envolvendo o atual presidente da República em 1994, 1998, 2002, desde que exemplificassem sua integridade. Não conseguia lembrar-se, porém, o que disse à repórter de O Globo na sexta-feira passada.
A comédia foi montada como arapuca para que a oposição, a partir do que estava apenas insinuado, caísse no lombo de Lula e até lhe pedisse o impeachment, como antes o Conselho da OAB chegou a cogitar com precipitação. Acrescentaria uma aura de martírio à sua candidatura à reeleição.
A tática é para desviar a atenção do eleitor. Há algo no ar, com cheiro de pólvora, capaz de afetar a campanha de Lula.
A oposição não mordeu a isca. O senador Arthur Virgílio exibiu documento em inglês, obtido em uma corte distrital de Nova York, denunciando uma tentativa de extorsão de 10 milhões de dólares contra Daniel Dantas.
Será desse documento que a entrevista de Silvinho Pereira a o Globo pretendia desviar a atenção? Fica a pergunta no ar.

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