Nosso colega Ruy Carlos Ostermann foi assaltado ontem, quando chegava em casa. Nada de extraordinário no fato em si, afora seu nome ser um timbre do melhor jornalismo que se faz no Rio Grande do Sul.
Surpreende as pessoas que alguém tão conhecido esteja sujeito também aos azares da nossa já banalizada insegurança. É a confusão que se faz entre prestígio e poder. Ruy, inteligente, talentoso, contribuinte valioso de todas as áreas da informação, da cultura ao entretenimento, é tido como poderoso, como qualquer um de nós, profissionais da área de comunicação, mais pela notoriedade dos espaços ocupados em jornais, emissoras de rádio e de tevê que pelos conteúdos que ali divulgamos.
O equívoco nasce nas deficiências da educação no Brasil, aprestada para formar ou adoradores de estátuas de pedra ou militantes de metralhadora na mão. Não forma cidadãos, com a consciência de que o poder é exclusivo do Estado. Não ensina que o poder só pode e só deve ser exercido para o bem comum, através da autoridade, e apenas da autoridade delegada a governantes e fiscalizada pelo parlamento, todos escolhidos livremente pelos eleitores.
A mentalidade deformada, confunde poder, autoridade, prestígio pessoal e notoriedade. Quando alguém conhecido, como Ruy Carlos Ostermann, é assaltado, ainda que a vida toda ele tenha buscado esclarecer o equívoco, são os poderosos de plantão que entram em pânico. Soa o alarme: outros militantes, surgem agora, à margem da lei, para disputar o seu mensalão. O que está ao alcance deles.
Diga-se o que se disser, preguem-se todas as moralidades e todas as ideologias – sem a única e verdadeira revolução que é a da educação para a cidadania, não há solução para o nosso caos.
Por enquanto, o que resta é fazer humor: Ruy Carlos Ostermann acaba de ingressar na mais democrática das nossas instituições, a única que não discrimina cor de pele, credo religioso, condição social ou econômica: a dos assaltados do Brasil
sexta-feira, 19 de maio de 2006
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