quarta-feira, 31 de maio de 2006

Consciências desertas - Jayme Copstein

Pouco se fala da Nova Zelândia, lá do outro lado do mundo. Por isso mesmo não se sabe que o país, de sólida economia, elevados índices de saúde, educação e segurança, tem o sistema previdenciário que mais se aproxima da perfeição.

Lá, todos contribuem para a previdência com percentual fixo sobre os ganhos mensais. Não há limite para o desconto. Quando chega a hora da aposentadoria, porém, só concedida a partir dos 65 anos de idade, a todos os neo-zelandeses, independente do tempo e do valor da contribuição, o beneficio é fixo: 2 mil dólares. Nem mais nem menos

Como falar-se em perfeição se quem contribuiu mais – por exemplo, os que contribuíram sobre salários de 20 mil dólares – devem sujeitar-se a uma aposentadoria igual a de quem só descontou sobre mil dólares, a vigésima parte, e assim mesmo vai usufruir o dobro do que ganhava trabalhando?

A resposta é simples: quem ganhou salários de 20 mil dólares mensais, teve como poupar e investir em previdência privada, para garantir renda maior e o padrão de vida a que estava acostumado. Aos demais, aos que não auferiam ganhos para tanto, a sociedade reconhece e recompensa pela contribuição do seu suor ao bem-estar de todos. Assegura-lhes uma quantia para viverem com dignidade..

Seria possível implantar-se um sistema assim no Brasil, onde sobram discursos mas carece de justiça social? A resposta é “não”. Ao brasileiro, de maneira geral, independente do grau de instrução, do credo religioso ou da filiação partidária, falta mentalidade para ser igual, para dividir o bem-estar com os semelhantes, para não tentar a vantagem do privilégio, mesmo com a consciência de que o que sobra a uns é tirado dos demais.

Falar em justiça social para pessoas assim é pregar no deserto.

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