terça-feira, 30 de maio de 2006

Boas companhias - Jayme Copstein

Quatro figuras fáceis da política brasileira, reuniram-se na semana passada, em Nova York, para conspirar:
1º) Renan Calheiros, presidente do Senado, de trajetória política digna do Guiness pela versatilidade. Foi comunista, collorido, ministro tucano e agora é o mais novo amigo de infância de Lula.
2º) Luiz Otávio, um pioneiro: primeiro político brasileiro a ter indicação rejeitada para integrar uma sinecura rendosa no Tribunal de Contas da União. Motivo: carência de bons antecedentes.
3º) Jader Barbalho corrido do Senado por Antônio Carlos Magalhães, com envolvimento no sumiço nebuloso de um milhão de reais do Banco do Estado do Pará e também de outros dinheiros vultosos da Sudam, com beneplácito da senadora Roseana Sarney, que dirigia o conselho do órgão.
4º) O indefectível José Sarney, cujo governo, fruto de azar, pôs na lata do lixo alguns decênios da história brasileira, e do qual o sr. Luiz Inácio Lula da Silva, em 25 de fevereiro de 1986, disse, conforme a Folha de São Paulo: “"Sarney não vai fazer reforma agrária coisa nenhuma, porque ele é grileiro no Maranhão e não vai querer entregar as terras que tomou dos posseiros”. Escusado traduzir: grileiro é ladrão de terras.
5º) Ney Suassuna, envolvido no mais recente escândalo da República, o das ambulâncias.
Os “neo-inconfidentes” conspiraram contra a candidatura própria do PMDB e para costurar o apoio à reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva, seu mais novo amigo de infância. Apesar do caráter secreto da reunião, só não se sabe, até agora, de onde saiu o dinheiro para pagar a viagem e hospedagem do quinteto – todos detém mandato eletivo: Barbalho é deputado federal, os demais são senadores.
As decisões já são do conhecimento público. Sarney participou da inauguração de um trecho da Ferrovia Norte-Sul, que ele começou a construir, quando presidente por azar do Brasil, e da qual se diz que liga coisa alguma com parte nenhuma. Diante de tanta devoção, Lula disse ao “ex-grileiro”: “Meu querido presidente Sarney, quando eu te convidei para vir aqui é porque de vez em quando este país precisa ter humildade e fazer justiça às pessoas. Foi um gesto de reconhecimento a um homem que governou este pais na dificuldade que governou. ... E comeu o pão que o diabo amassou. Sarney, nunca ofendi, nunca lhe fiz uma provocação com uma palavra que não pudesse dizer publicamente. E, eu sei quanto este homem foi ofendido, sei como ele foi atacado”.
Diante desta prodigiosa memória de Lula, Sarney devolveu com a mesma amnésia: “O ex-presidente vem louvar o presidente atual para dizer o grande administrador que ele é e a maneira com a qual ele vem conduzindo a Presidência. Ele é um dos mais populares presidentes da História do Brasil. Quero dizer da minha fé no futuro e no presidente Lula. Ele terá a minha solidariedade sempre que necessitar”.
Falta ao Brasil instituir uma condecoração: a da Grande Ordem da Cara de Pau, cujo lema seria o velho provérbio: Dize-me com quem andas e eu te direi quem és.

2 comentários:

  1. Anônimo5:44 PM

    Escrevo exclusivamente para parabenizar-te pelo editorial de 30/05/2006 do programa Brasil na Madrugada, BOAS COMPANHIAS. Sou ouvinte do programa e moradora de Sant'Ana do Livramento. Parabéns, falou tudo, BRAVO!!!!!!!!!!!!!!!
    Meire Torres.

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