quinta-feira, 4 de maio de 2006

Limites da história - Jayme Copstein

Que a Bolívia é um país soberano, pode dispor a qualquer momento e da forma que desejar de suas riquezas, não entra em discussão. O que não se pode debater, também, é a sua obrigação de cumprir compromissos internacionais, assumidos legalmente, sem coação, com prazos definidos, como é o caso do acordo com o Brasil para fornecimento de gás.
Restringir a vigência de compromissos internacionais, seja a Bolívia ou qualquer outro país, ao período em que determinada facção partidária detém o poder político, seria fazer a história começa com cada governante em cada nação.
Até pode ser verdade, em parte. Cada povo tem o direito de mudar a própria história quando bem lhe aprouver. É para isso que existem as eleições e a alternância no poder. Descumprir, porém, compromissos internacionais, significaria pretender mudar, direta ou indiretamente, a história dos parceiros. É manifestamente ilegal.
A Bolívia assinou contrato com o Brasil, obrigando-se a entregar 30 milhões de metros cúbicos de gás por dia, até 2019, preço fixado por uma fórmula definida pelas duas partes, com reajustes previstos a cada cinco anos.
Que cumpra a parte que lhe toca. Se quiser, mude a sua história a seu bel-prazer. Mas não a nossa.

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