quinta-feira, 18 de maio de 2006

A fúria dos maribondos - Jayme Copstein

O pacote de medidas de segurança que senadores e deputados agora estudam em regime de urgência, já podia ter sido aprovado através dos projetos isolados que dormem há anos, senão há décadas, nas gavetas do Congresso.
Ao contrário do que parece, não foi a ação do PCC que levou os políticos a pensar na segurança da população. Fosse isso, leis mais severas e providências efetivas para prevenir a violência, há muito já estariam em vigor. É a vizinhança das eleições de outubro que os faz zumbir como maribondos em fúria.
Enquanto havia tempo, os nossos geniais salvadores da pátria dedicavam-se a aperfeiçoar o código dos rábulas de porta de cadeia, propondo o direito de voto aos apenados. Em masmorras onde a autoridade passou às mãos dos bandidos e em que um ladrãozinho de galinhas, para preservar a sua própria vida, é obrigado a assassinar a quem lhe ordenarem, se não for malíciosa a idéia é de incurável idiotia ideológica. Com cerca de 130 mil “eleitores”, Marcola poderia se eleger deputado federal – legenda de aluguel, não haveria de lhe faltar – e ele ganharia legalmente a liberdade para exercer o mandato.
Só faltaria a este memorável projeto, uma quota mínima, com a devida proporcionalidade, para assegurar representação a estelionatários, traficantes e assassinos. Se bem que eles já estejam bem representados no Congresso, impunes, sem estágio pelas penitenciárias e sem ter de pagar ao rábula de porta de cadeia. Pelo contrário, até cobrando...

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