Mesmo com presidente Evo Morales anunciando, desde dezembro, a intenção de nacionalizar a exploração de gás e petróleo na Bolívia, não é estranhar que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva tenha sido apanhado de surpresa. Parece fora dos hábitos de seus integrantes, principalmente da equipe do Ministério de Relações Exteriores ler jornais, escutar rádio ou assistir à televisão.
A pior atitude diante da crise é a do assessor de Relações Internacionais da presidência da República, Marco Aurélio Garcia, jornalista de origem e aficionado da área diplomática. Carrancudo como sempre, não se consegue saber se foi piada fora de tom ou se falou sério, quando disse que os acordos para exploração do gás boliviano pela Petrobrás eram herança maldita dos tempos de Fernando Henrique Cardoso. Talvez tenha sido por isso que governo do qual faz parte, decidiu dilapidá-la quando começava a render os melhores frutos.
Com assessores desta qualidade, não é de se estranhar, também, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva negue que haja uma crise. Como sempre irritou-se com a imprensa. É a mídia que está inventando.
Ora, a mídia chama de crise porque está tão perplexa no Brasil como no resto mundo, onde, aliás, tem a boa companhia de governantes europeus, inconformados com o rompimento unilateral de contratos, à moda Miguelão.
E mais perplexa ainda ficou, ao saber que o governo brasileiro fez ontem reunião de emergência. Não havendo crise com a Bolívia, com toda a certeza era para tratar daquela batalha decisiva, a Copa da Alemanha, em que o destino e as tradições da nossa pátria estarão em jogo.
Nada a ver com Evo Morales, companheiro bom e batuta.