quinta-feira, 18 de maio de 2006

A mola do crime - Jayme Copstein

Parecido com o ex-presidente Itamar Franco, nas ironias baratas e nas descortesias descabidas, o governador de São Paulo, Cláudio Lembo, tem toda a razão quando aponta a responsabilidade do que chama de “minoria branca” pelo caos do Brasil.
Não se precisa de grandes investigações para comprovar o papel da oligarquia endinheirada, que está por trás, também, na manutenção da impunidade assegurada pelo código de porta de cadeia. Basta olhar o problema das drogas, por exemplo, em que a tese dominante, agora, é isentar de culpa o viciado.
O raciocínio é simples: se não representasse negócio milionário e não tivesse consumidores para sustentá-lo, não haveria tráfico de drogas. Quem, portanto, são os clientes dos traficantes senão os que dispõem de dinheiro, e de muito dinheiro, para comprá-las? Não é, com toda a certeza, o pezinho-de-chinelo que furta o televisor comprado pela mãe em suadas prestações. É só procurar em joalherias e lojas de decoração, que se encontram artísticas bandejinhas de prata, para as “carreirinhas” oferecidas nas festas de grandes mansões.
Há uma contradição nisso, pois quem mais clama que a Polícia que nada faz contra os criminosos, é justamente esta oligarquia. Com o dinheiro de seus própriuos crimes, ela preserva o código de porta de cadeia e paga regiamente o rábula para lhe assegurar a impunidade.
Atribuem a Marx uma frase de efeito: “O último capitalista vai vender em prestações a corda com que vão enforcá-lo”. Terá Marx, algum dia, vindo secretamente ao Brasil e conhecido a nossa oligarquia? Como pôde descrevê-la com tanta precisão?

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