sexta-feira, 19 de maio de 2006

Os robôs - Jayme Copstein

Segundo recente pesquisa da Data Folha, mais da metade da população brasileira responsabiliza o Poder Judiciário pela impunidade e conseqüente violência que abala o Brasil.
Terá fundamento na realidade esse sentimento negativo da população, que não faz muito tempo considerava o Judiciário a instituição mais confiável do país?
Três registros policiais de um único dia, cobrindo somente o Sul do Brasil, mostram onde o povo busca seus desgostos. Os nove bandidos que assaltavam shoppings no Rio Grande do Sul, a quadrilha de falsificadores de passaportes para vendê-lo a imigrantes ilegais, que atuava em Santa Catarina, e o traficante flagrado com grande contrabando de drogas e munição pesada no Paraná, todos presos ontem, tinham antecedentes criminais e condenações, mas estavam em liberdade, com pena suspensa ou em regime semi-aberto.
A abundância de exemplos como esses, diários, em todos os recantos do país, é conseqüência clara da legislação libertina, cuja devassidão os próprios juízes reconhecem publicamente. Alegam, porém, que estão sujeitos ao seu cumprimento.
A descabida passividade contrasta com a veemência de alguns magistrados em reivindicações salariais, completamente divorciadas da realidade do Estado. Tanta energia assim desperdiçada teria melhor destino se endereçada à reforma da legislação, para permitir que o Judiciário consiga devolver à população a paz e a segurança perdidas.
Fugir a esta responsabilidade induz à reflexão que começaria com uma pergunta: para que juízes que aplicam mecanicamente a lei, se robôs desempenhariam a tarefa com perfeição, sem que se pudesse acusá-los de frieza e insensibilidade. Não passam de máquinas, mesmo.
Os robôs, é claro. É deles que estamos falando.

2 comentários:

  1. Anônimo9:30 PM

    "Se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando um pão, e,ao
    se encontrarem, eles trocam os pães, cada homem vai embora com um ...porém,
    se dois homens vêm andando por uma estrada cada um carregando uma idéia, e,
    ao se encontrarem, eles trocam as idéias, cada homem vai
    embora com duas..."

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  2. Anônimo9:34 PM

    Parabéns pela bela matéria sobre as leis brasileiras.
    > Somente batendo forte e continuamente, cobrando dos senhores legisladores
    > e Executivo talvez vejamos as autoridades se movimentarem e adequarem as
    > leis à realidade em que vivemos.

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