O deputado Raul Pont, secretário-geral do Diretório Nacional do PT, abordou de maneira instrutiva o escândalo envolvendo Anthony Garotinho, como noticia Dione Kuhn na Página 10 da Zero Hora de hoje.
O ensinamento não está na primeira parte, quando Pont assinala que as denúncias contra Garotinho envolvem o dobro do dinheiro que circulou no valerioduto, comandado por Delúbio Soares, sob a supervisão de José Dirceu. “Fomos vítimas do maior massacre feito pela mídia nos últimos anos”, ele se queixou.
A posição “somos, mas quem não é”, com a variante do “não inventamos o pecado, só o aperfeiçoamos”, é tão conhecida que soa como cantochão. Inclui a original concepção ética que confunde o fato com o conhecimento do fato. Se a imprensa não tivesse publicado, continuaríamos gerindo o monopólio da virtude.
A didática está na segunda parte, quando Pont esquiva-se de pensar sobre o mensalão. “Em respeito ao eleitor”, ele diz, “faremos a nossa avaliação interna e diremos, sob nosso critério, qual é a nossa opinião.” Ou seja, Pont ainda não tem opinião porque as chamadas instâncias partidárias ainda não decidiram qual ela deva ser.
O que há de mais criticável e condenável no PT é esta filosofia de pôr a sociedade sob o controle do partido. Não é a realidade que importa. Vale o que, internamente, o Partido decide ser verdade ou mentira.
Sem necessitar outras avaliações, todos sabemos como isso se chama - totalitarismo.