segunda-feira, 15 de maio de 2006

É a França, estúpidos! - Jayme Copstein

A interferência de países estrangeiros na América Latina ficou patente com a evolução do caso da Bolívia. Foi só depois de uma reunião privada com Jacques Chirac, o presidente da França, que Evo Morales amansou-se e tornou-se razoável no conflito com o Brasil. É como se tivesse recebido ordens para ficar quieto.
As justificativas de Morales para seu marcha à ré oscilaram entre o infantil e o patético. Faltava-lhe prática, era mais fácil dirigir um sindicato, não fizera por mal e claro, a imprensa – sempre a imprensa – tinha deturpado as palavras, pondo-lhe na boca o que não dissera. Só que à sua imagem furibunda, proferindo desaforos e ameaças, todos assistiram na televisão e está gravada.
Ao menos por enquanto, até Lula resolver seu problema eleitoral, como Morales deu a entender, a crise boliviana ficará em banho-maria. Significa, também, que Monsieur Chirac está votando em nossa próxima eleição presidencial, com uma advertência aos países sul-americanos: comportem-se e poderão brincar de nações soberanas.
É notável que toda a papagaiada ideológica, comandada no Itamarati pelo diplomata amador Marco Aurélio Garcia, tem origem na universidade francesa, pródiga em bolsas de estudos nos seus departamentos de lavagem cerebral. É lá que nasce o antiamericanismo dogmático, que faz a esquerdalha comprazer-se com a dança do ventre quando o fundamentalismo islâmico agride a democracia.
Monsieur Chirac e seus concidadãos ensinam aos otários que os povos são irmão, mas escamoteiam que os Estados sobrepõem seus interesses a todo e qualquer idealismo. Na hora da decisão, descem a borduna:
“C´est la France, stupides! – É a França, estúpidos!”
E mandam Evo Morales e seus assemelhados agitar as massas ou calar a boca, segundo as conveniências.

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